Encontrei-a assim, num rectângulo de chão de rua conseguido azul, numa feira de "coisas velhas". Fiquei muito tempo a olhá-la sem lhe pegar. Queria não desfazer nada daquilo que ela guardava de uma qualquer vida que tivesse tido. Percebi as mãos de quem lhe imaginou este vestido e o aconchegou ao corpo de lã. Inventei os gestos cuidadosos que de certeza aconteceram para o entrançado do cabelo. Por isso não pude perceber como é que ela estava ali ... Guardei-a dentro da minha câmera, julguei que me chegava. Agora percebo que não.
14 comentários :
fui ao sacrè coeur e vi muitas bonecas espalhdas no chão, mas nenhuma tinha a sua poesia.
Entrei e la dentro é impossivel não pensar que se pedirmos com amor, acontecerà. Pedi que fique tudo bem com todas as mulheres que se encantam com poesia e bonecas com historia. desculpe, continuo a não atinar com o teclado!
Lindo o sentimento de respeito pela vida secreta dos objectos.
Também acho e respeito toda a envolvência de todas as pequenas coisas.
As coisas de que gostamos adquirem alma. Uma vez num livro que se chama a Ciência dos Sacramentos (Leadbeater) dizia que uma reliquia que fosse falsa tinha o mesmo "poder" que uma verdadeira. Apenas pela devoção de que tinha sido alvo durante séculos.
Imaginem agora a áurea de um boneco de infância!
que linda que linda, e que perfeio o azul debaixo dela e tudo à volta. Só tenho pena de não ver em maior.
senti-me triste pela boneca. Achei que sentia frio! E você também...
O Jean-Sol Partre dizia que imagem é consciência de alguma coisa, um acto. Por vezes, raras vezes, tenho essa sensação quando gravo um piano. As flautas também me laceram da mesma maneira. O sentir que só não agarro a melodia e me molho na harmonia por qualquer razão que me é alheia, mas que não é, e isso é certo, a incapacidade, mas sim um qualquer processo que não controlo, mas que está latente.
Senti o mesmo com esta imagem. Sim, o Leadbeater deve estar certo. Esse poder está lá!
isaac
(este espaço é MESMO confortável)
cheguei agora ao post que "nasci" ontem... nos cinco comentários que nele cresceram, leio o fio invisivel da cumplicidade de olhares ...comovo-me... um blog para mim servirá se for tear. (obrigada)
Navegando cheguei até aqui. Alguma coisa que não é âncora me segura. Não dá vontade de sair. Às vezes a gente se sente tão em casa como só no próprio coração! Abraços.
Muito trabalho por aqui Dora B.Mas ligoo para a semana.
Brevemente terás noticías minhas e do Mural digital.
E temos qe ir beber café e comer as minhas oatcakes pá! ;-)
Muito bonito este teu post.
Espero que um dia escrevas um livro para mim.Eu ia adorar e acho que funcionavam lindamente, um texto teu com as minas ilustrações.Seria como uma nuvem...
Ah, e deixo-te este link de prenda.É a minha ilustradora mulher favorita!
www.anajuan.net
A beleza às vezes passa despercebida...
Não chegava a imagem, faltava o calor do entrançado.
Cheguei a separar uma touca e um cachecol cor de rosa para sua menina no chão azul. Não sabia como postar... fica o desejo.
fantastic !
Ela já pertence a uma criança que ainda não a descobriu. Serão muito felizes, não fique triste.
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