março 14, 2008

muitas coisas

Não é uma coisa só,
São muitas coisas nuas.

Não é o desabar de uma casa.
É percorrer os seus escombros.

Não é aguardar por um filho.
É voltar a sê-lo.

Não é penetrar em ti.
É sair de mim.

Não é pedir-te que faças.
É fazer-te.

Não é dormir lado a lado.
É estar jacente de mãos dadas.

Não é ouvir vento e chuva.
É franquear-lhes a cama.
E relâmpago que pela terra se funde.

António Osório

img. sugimoto

4 comentários :

Cometa 2000 disse...

Dora, que maré de inspiração... :)


O poema é magnífico. Cada nota, cada frase, cada visão e cada sentimento que faz brotar.


Gosto da coisas simples. Muitas. Desse mar.

:)

Bom sábado!

Fábia disse...

Um espetáculo. e como outras vezes aqui desce-me como a saliva. Bjs Fábia.

intruso disse...

é sair.
é voltar a sê-lo.

belíssimas,
as palavra de horizonte prateado.

bj

Anónimo disse...

gostei muito de ler este poema do antónio osório que não conhecia *