janeiro 30, 2007

caixa para guardar o vazio

É uma caixa. Uma caixa para guardar o vazio, habitada. É uma escultura com vida (e por isso é inesperada). Há bailarinos que são pássaros fugazes e moram nela. Mas não é uma casa: é um corpo que respira e comunica e dá a perceber o vazio como o lugar que nos dá espaço. Tem a assinatura de uma artista única, profundamente límpida, Fernanda Fragateiro. A longa viagem deste lugar-objecto termina por agora em Lisboa. Inaugura-se no CCB no dia 3 de Fevereiro, o próximo Sábado, pelas 15.30. Até 4 de Março é absolutamente obrigatório por lá passar.
Deixo aqui um texto de João Morão que a visitou em Viseu, lugar da sua primeira estreia.

janeiro 28, 2007

pelas histórias sem moral !


Os discípulos perguntaram ao mestre:
- Porque é que nos contas sempre histórias mas nunca nos explicas o seu significado?
E o mestre respondeu:
- Gostavam que alguém vos oferecesse uma peça de fruta e a mastigasse antes de vo-la dar?
conto budista
img. camilla engman

janeiro 26, 2007

lua


















Movo-me a energia solar. Determina-me a superficie dos dias, a felicidade da pele, dos olhos e do ar que passa a ser meu a cada momento. Mas são da lua as minhas raizes. Dentro tenho escrito sucessivos D(ês), C(ês), O(´s) fazendo palavras que não sei e descubro enquanto ela descansa lua nova. Sou esse redondo e esse nada. A distância azul e a luz branco-leite-pérola. Gosto da palavra ciclo porque começa.
Tenho o calendário lunar da Cecília como mapa do meu céu de dentro. É uma artista ( amiga ) muito especial que esconde nos trabalhos que produz sementes de lua. Por isso me faz sentir tão próxima.
( um abraço a ti )

janeiro 24, 2007

Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.

Sophia , lido aqui.
img. G.Verläg

janeiro 23, 2007

( re ) pousar


inspirar. aprender. dentro. redondo. fundo. aqui. estar.
( obrigada aos que têm ajudado a traduzir o verbo hibernar )
img. (para mim:) de madalena ghira

janeiro 21, 2007

paisagem rupestre


Não me lembro o que dizia, não foi isso que me interessou...
Quis guardar o gesto na pedra,
a escrita no verdadeiro sentido
da palavra
( quis o gesto azul ).

janeiro 16, 2007

through the looking glass














Esta menina chama-se Inês. Gosto especialmente do olhar que lhe descobre a força de dentro, tão escondida dos gestos e das palavras. Gosto muito mais dela do que do seu retrato. Fotografei-a para que ela se pudesse ver e acreditar.

janeiro 13, 2007

para (muito) maiores de 18 anos

Entrar é o bilhete bastante para uma viagem imediata a vários lugares. São objectos de design português que ocuparam as prateleiras das mercearias - ainda havia muito poucas lojas dignas do grandioso nome supermercado - e daquelas papelarias que continham uma espécie de "tudo o resto" não alimentar. Enfeitaram os armários e o quotidiano das nossas casas e dos nossos dias. Não demos muito por eles enquanto existiam, nem percebemos a sua ausência depois. O reencontro que aqui se prepara tem assegurado um sorriso, ou vários... um por cada objecto reconhecido.
Certamente, e como o título deste post claramente indica, a promessa de viagem está sujeita a rigorosos critérios etários : o cartão jovem não serve ( yes! ).
a loja na rua da Anchieta - a transversal da Bertrand no Chiado - é magnífica!

janeiro 06, 2007

presente








Esta foi a nossa manhã no último dia de 2006. E, como que por milagre, o infinito gerado pela mistura daquelas palavras com aquela música abre-se de novo e inaugura o mundo quantas vezes quisermos. É o meu presente, hoje, dia 6, já 2007.
img. Petra Borner

janeiro 05, 2007

quase muito fácil...

"Não faço planos para a vida para não atrapalhar os planos que a vida tem para mim."

Perdi-lhe a origem. Mas a frase guardou-se-me dentro. Acordou por estes dias, contrastando com as urgências dos tempos que correm.

Um resquício de memória diz-me que deve ser de Agostinho da Silva. A liberta (clara)evidência das palavras parece confirmá-lo.

img. martin o'neill ( pormenor )

janeiro 01, 2007

ciclo



"Com a manhã chega o anónimo respirar do mundo. Um cheiro a pão fresco invade o pátio todo. Vem dos lados do rio..."
Eugénio de Andrade




Na palavra começo há um mundo cheio, o oposto de na palavra princípio que tem a cor branca. Alguns querem sinónimos estes dois termos e prendem-nos em prefixos tautológicos para que não se soltem... mas só o segundo obedece: se reinício é repetição, regresso ao primeiro ponto da linha recta já traçada, dentro dos começos existe o ar e a irrequieta possibilidade que faz lavados os recomeços. Só neles, a expressão "outra vez" cumpre o seu sentido: é realmente uma vez outra. bom 2007!



img. graetz verlag (trabalhada)