julho 29, 2006
julho 26, 2006
doçuras
Faz hoje 37 anos. Assobia sempre enquanto os braços pintam as paredes da casa. Apesar do corpo imponente salpicado de tinta, não se daria por ele se não fosse isso de pássaro feliz. O silêncio é-lhe maior - a cara séria, as palavras baixas e a custo, enroladas numa fechada pronúncia transmontana que não gosta nada dos 4 anos em Lisboa.
Faz hoje 37 anos. Traz o almoço de casa num termo de alumínio que aquece no fogão ao meio dia e trinta. Traz os pratos e os talheres. Traz uma garrafa de vidro onde todos os dias de manhã despeja o meio litro de vinho tinto. Almoça em silêncio e guarda tudo depois na mochila de pano impermeável azul. Deixa-a sempre em cima da mesa da cozinha, encostada à janela.
Pinta as paredes da casa e assobia profundamente ( como ele: presente, invisível ).
Pára várias vezes para fumar à janela calado, bebe cervejas geladas e solta as caricas das garrafas sem precisar de nada. Tem uma força descomunal. Tem uns olhos tristes e doces, parecidos com a forma lenta e perfeita com que dobra os panos coloridos que traz para proteger o chão.
Chama-se sr. Zé. Faz hoje 37 anos. Perguntei-lhe pelo bolo. Disse-me que não gosta de doçuras.
julho 25, 2006
julho 23, 2006
silêncio
Não dizia palavras,
Aproximava apenas um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.
Entre os ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando as núvens.
Um contacto ao passar,
Um fugidio olhar no meio das sombras,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Iguais em figura, iguais em amor, iguais em desejo.
Embora seja só uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.
Luís Cernuda
Aproximava apenas um corpo interrogante,
Porque ignorava que o desejo é uma pergunta
Cuja resposta não existe,
Uma folha cujo ramo não existe,
Um mundo cujo céu não existe.
Entre os ossos a angústia abre caminho,
Ergue-se pelas veias
Até abrir na pele
Jorros de sonho
Feitos carne interrogando as núvens.
Um contacto ao passar,
Um fugidio olhar no meio das sombras,
Bastam para que o corpo se abra em dois,
Ávido de receber em si mesmo
Outro corpo que sonhe;
Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne,
Iguais em figura, iguais em amor, iguais em desejo.
Embora seja só uma esperança,
Porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.
Luís Cernuda
julho 20, 2006
esgotado
julho 18, 2006
julho 16, 2006
julho 14, 2006
julho 12, 2006
julho 10, 2006
julho 08, 2006
julho 07, 2006
tudo
Al cabo, son muy pocas las palabras
que de verdad nos duelen, y muy pocas
las que consiguen alegrar el alma.
Y son también muy pocas las personas
que mueven nuestro corazón, y menos
aún las que lo mueven mucho tiempo.
Al cabo, son poquísimas las cosas
que de verdad importan en la vida:
poder querer a alguien, que nos quieran
y no morir después que nuestros hijos.
amalia bautista
julho 05, 2006
"mi isla "
julho 02, 2006
a vida secreta do silêncio
"Someone said that from the moment you have an inner life,
you are already leading a double life."
Isabel Coixet sobre La vida secreta de las palabras, imperdível!
toque, cheiro lavado a amêndoas doces, sabor novo de devorar e silêncio...
a linguagem secreta em(tre) nós, medida pelo batimento das ondas em alto mar.
Josef ¿Me estaba mirando, Hanna?
Hanna No.
Josef Yo creo que sí… Veo que empieza a mentirme.
Eso quiere decir que empiezo a gustarle…
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Josef No. You have a blondes' voice... it's like butter and cinnamon.
julho 01, 2006
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