first paint a cage with an open door then paint something pretty something simple something beatiful something useful for the bird then place the canvas against a tree in a garden in a wood or in a forest hide behind the tree without speaking without moving... Sometimes the bird comes quickly but it can also take years before deciding Don't be discouraged wait wait for years if necessary the swiftness or slowness of the coming of the bird having no bearing on the success of the painting When the bird comes if it comes observe the most profound silence wait till the bird enters the cage and when it has entered gently close the door with a brush then rub out all the bars one by one taking care not to touch any of the bird's feathers Then paint the portrait of the tree choosing the most beatiful of its branches for the bird paint also the green foliage and the wind's freshness the dust of the sun and the noise of insects in the summer heat and then wait for the bird to decide to sing If the bird doesn't sing it's a bad sign a sign that the painting is bad but if it sings it is a good sign a sign that you can sign so then very gently pull out one of the feathers of the bird and write your name in a corner of the painting. jacques prevert, "how to paint the portrait of a bird"
round pink... mint moons... white giant cloud............... imense.... plof sound... laugh... again! being a part-timer at the moon factory: an addictive pleasure. img. pep montserrat
... e se de repente algumas das palavras que ouvimos num dos programas de rádio de que mais gostamos tivessem sido escritas por nós... ? Tambémpor nós, porque o olhar do Pedro, o dele em particular, reescreve enquanto lê.
Assim foi. Perdi-o no dia 6 de Janeiro. Mas como é um programa imperdível ( o dentro de quem faz blogs estabelece pontes directas com quem os tem ), recupero os que não ouço no dia, através do site da Antena1. Fi-lo ontem. O formato era diferente - e eu gosto quando o Pedro Rolo Duarte é centro e escolhe a partir daí, com uma lógica autoral mais evidente de que tenho sempre saudades. Já disso dei conta no ano passado, aqui. Agora liam-se textos de posts em blogs do ano de 2007, alternados com música. De repente, la double vie de veronique estava lá. Feliz, muito surpresa, eu ! ! ! Gosto tanto de fios.
( pergunta minha, já antiga: porque não tem podcast este programa? ) img. betsi walton
Como não queria que a intensidade do meu amor afugentassse a Cotovia, fingi indiferença. Comecei a temer que a táctica não estivesse a dar resultado; parecia aborrecida na minha companhia, não parava de olhar para o relógio, como se estivesse imapaciente por ir para outro sítio muito melhor. Mesmo assim, combinávamos sempre distraídamente novo encontro. Quando, enfeitiçado, sugeri, como quem não quer a coisa, que nos casássemos, encolheu os ombros e, bocejando, disse:- Já agora. Não podia acreditar na minha sorte. O homem perguntou-nos se estávamos preparados para nos amaramos e ampararmos mutuamente para sempre. Cotovia respondeu-lhe "porque não?" e eu disse-lhe que "achava que sim". Dan Rhodes, A namorada portuguesa e outras 100 histórias.
Gosto especialmente do tempo que as vírgulas fazem aqui, coreografando em namoro o momento da sugestão. Gosto do que vejo como dança no corpo dos personagens, a partir do ritmo dentro-sinto/fora-ajo "como quem não quer a coisa". Depois, o resto das histórias, as outras 100. Cada uma com 101 palavras, 1 palavra como título, organizadas alfabeticamente a partir dele ( na versão inglesa ). Sim, era demasiado proposta a la "creative writing workshop", que me irritou assim à primeira; mas no caso - porque as li todas, esqueci-me logo disso. É certo que gosto especialmente de formas breves na escrita, pela exigência. Mas há aqui alguma coisa daquilo que andamos a falar acerca do que pode ser a literatura, e não só numa ou duas histórias; o fôlego mantém-se e com ele o sorriso de nos irmos reconhecendo cubisticamentede, de namorada para namorada, nisto do que é querer ser um "a dois" . Só não percebo a opção localista do título... demasiado linear pegar noutro título de um dos contos só porque "o nacional" está lá. Sobretudo quando estamos a editar uma proposta desta natureza que usa milimetricamente cada palavra. Perde-se o que diz (sobre tudo que se fala), precisamente, numa palavra. Antropologia era só também a que inaugurava o indíce. Tão custosa deve ter sido encontrar a fórmula; vem a namorada portuguesa e estraga tudo. mais 4.
je te lune tu me nuage tu me marée haute je te transparente tu me pénombre tu me translucide tu me château vide et me labyrinthe tu me paralaxe et me parabole ...
my foto; excerto de poema no espectáculo: L'echo de mon corps répété dans le batement d'une aile murmurante
Se o toque não for decidido, e o medo nos invadir, não terei palavras para lho dizer.
Como dizer que uma lâmpada se funde inesperadamente que um prato cai sem darmos por isso, quando isso é a própria queda, que uma voz desaparece repentinamente de nos falar que um afecto é, de facto, tudo (mas não de tudo quanto o prende) que teria gostado de escrever romances se o tempo não existisse que se o toque fosse indiferente apenas existiriam atributos ou, se preferes, enquanto acaricias esse espaldar só haveria vestidos, e o corpo onde o deixarias sem ter, sequer, a noção de afecto a quem o dar, não olhes para mim com esse olhar. Sem uma memória decidida, as coisas desconhecidas flutuam. Sim, imagino. Disse-lhe, soletrando todas as letras, o cheiro fasto que se desprende do espaldar é de um homem, odor denso, de um homem incómodo, embaraçoso, opaco. "Quem gostarias de ver a teu lado?"