
Encontrámo-nos logo assim que cheguei, na Mollat, a maior livraria de Bordéus, o meu primeiro destino depois do hotel. Foi uma paixão fulminante e intensa à primeira vista enquanto o devorava com os olhos e percorria o seu corpo com os meus dedos... Mas o juízo apareceu de repente, cortando o calor, ao som do altifalante que avisava "Il sont huit heures, la librairie va fermer"... Pois, era preciso não ceder assim, logo, ao primeiro que aparece e que parece ser o tal!
Sai a pensar nele e, no resto dos dias procurei-o em todos os outros lugares onde seria provável encontrá-lo... Não... não... não - sonhei? Efeito jet leg que não existe entre Lisboa e Bordéus? Efeito da exposição à proximidade das nuvens e do céu nas alturas há menos de 24 horas? ( Sim esse podia ser!). Descobri outros de que gostei - alguns muito -... mas aquele, ai!!! E se já não volto a encontrá-lo? E se mesmo na Mollat... ai!!! Devia conhecer-me melhor e saber que sim, à primeira vista quando o meu coração bate é mesmo verdade e não querer saber de grilos conscientes de gestão de orçamento disfarçados de altifalante!
Ontem, assim que me libertei dos compromissos profissionais, voei - acho que mais rápido do que no avião. Ele estava lá pacientemente à minha espera*!
Voltámos hoje juntos. Eu felicíssima. Confirmo o bater de coração que continua igual ao primeiro segundo de olhar e saber que era ele. É o livro desta viagem... é um livro muito muito especial!
Pequeno ps. a confessar: na fria badalada das huit heures do primeiro dia tinha pedido que mo guardassem... just in case someone looked at him at the same heart beat rythm than I... porque já sabia que sentir que sim é sim absoluto. Na próxima vez avanço mais este passo: aceito o shortcut sem pensar e vivo desde logo com ele.