outubro 21, 2014

não há descanso sem amor














não há descanso 
sem amor,
não há sono 
sem sonhos 
de amor
loucos ou indiferentes que sejamos
obcecados com anjos 
ou máquinas,
o derradeiro desejo 
é amor
(...)

Os corpos quentes 
brilham juntos 
no escuro,
move-se a mão 
para o centro 
da carne,
treme a pele 
de felicidade
e vem-se a alma 
exuberante aos olhos
sim, sim, 
era isso 
que eu queria,
que eu sempre quis ,
eu sempre quis,
regressar
ao corpo onde eu nasci.

"Canção" in O uivo e outros poemas de Allen Ginsberg
numa brilhante tradução de Margarida Vale de Gato para a edição Relógio D'Água.
img. colette saint yves

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